Servidores de prefeitura do PR não conseguem usar vale-alimentação administrado por empresa suspeita de envolvimento com o PCC
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Servidores não conseguem usar saldo do vale-alimentação
Os servidores da prefeitura de Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná, não estão conseguindo usar o vale-alimentação fornecido pela instituição porque o cartão é administrado pelo BK Bank. Esta empresa é suspeita de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos, segundo autoridades da Fazenda de São Paulo.
Conforme a investigação que apura o esquema criminoso no setor de combustíveis, o BK Bank - que oferece serviços bancários como transferências, emissão de boletos e máquinas de cartão - foi usado para movimentar recursos por meio de contas-bolsão de difícil rastreamento.
A RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, identificou que aproximadamente três mil funcionários públicos do município foram afetados desde o dia 29 de agosto - um dia depois da Operação Carbono Oculto ser deflagrada.
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Alessandra Chiroli, procuradora-geral de Campo Mourão, disse à RPC que notificou extrajudicialmente a fintech sobre a situação. Como resposta, o BK Bank disse que não pagou os mercados devido aos bloqueios que foram impostos pela Justiça no âmbito desta investigação.
A Prefeitura informou ao g1, nesta terça-feira (16), que o pagamento permanece apresentando problemas.
Mercados de Campo Mourão não estão aceitando cartão da empresa.
Reprodução/RPC Maringá
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No dia 9 de setembro, um decreto publicado no Diário Oficial do Município determinou que, então, o auxílio-alimentação "deverá ser pago em folha a todos os beneficiários". O depósito, de acordo com a prefeitura, deve acontecer no dia 22 de setembro.
"Dos servidores que gastaram, gastaram total ou parcial, dos servidores que não gastaram nada, dos servidores que possuem créditos acumulados do mês de agosto para trás", disse a procuradora-geral.
O g1 tenta contato com a assessoria do BK Bank e também com a defesa. No site da fintech, há uma nota dizendo que a empresa é regularizada e está à disposição das autoridades. Confira na íntegra:
O BK Bank, representado pelo escritório Fernando José da Costa - Advogados, informa que foi surpreendido com sua inclusão na operação deflagrada na data de 28/08/2025. A instituição de pagamentos é devidamente autorizada, regulada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil e conduz todas as suas atividades com total transparência, observando rigorosos padrões de compliance. O BK Bank reitera seu compromisso com a legalidade e coloca-se à inteira disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e colaborar plenamente com as investigações.
Leia abaixo a nota completa da prefeitura de Campo Mourão:
A Prefeitura Municipal de Campo Mourão vem a público prestar os necessários esclarecimentos à população e, com especial atenção, aos servidores municipais, sobre a operacionalização do cartão vale-alimentação.
Conforme registros do Município, a empresa BK Bank presta os serviços de administração do benefício desde o ano de 2022, após sair vitoriosa em processo licitatório.
A Administração Municipal foi surpreendida pela notícia da operação policial envolvendo a empresa BK Bank, fato que está sendo apurado pelas autoridades competentes. Em paralelo, a Prefeitura identificou falhas no cumprimento do objeto contratual por parte da empresa, o que tem impactado a normalização das transações do cartão vale-alimentação. Ao contrário do informado pela BK Bank em nota veiculada à imprensa, os pagamentos e o uso do cartão pelos servidores municipais de Campo Mourão não foram regularizados.
Diante dessa situação, a Administração Municipal, por meio de sua Procuradoria Geral, já notificou formalmente a empresa responsável. Paralelamente, para garantir de forma imediata e irrestrita os direitos dos servidores, a Prefeitura publicou, na última terça-feira (09/09), decreto autorizando o pagamento do auxílio alimentação diretamente em folha , assegurando a continuidade do benefício sem qualquer interrupção ou prejuízo.
A Prefeitura reafirma seu compromisso com a transparência e o bem-estar de seus servidores e informa que seguirá adotando todas as medidas legais e administrativas cabíveis para a plena resolução do caso.
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